quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Musica sem pauta







Através da janela um raio de sol acorda-me vagarosamente, é o último dia para a entrega da composição musical. Levanto-me ao mesmo tempo que a música desafinada da cidade entra pelos meus ouvidos. Apitos, portas a bater e gritos são acompanhados pelo compasso quaternário do comboio de mercadorias; uma desafinação que não apadrinhava a minha tarefa. O grito das ambulâncias acorda-me de vez obrigando-me ao trabalho.
As notas sucedem-se enchendo a pauta; componho a bateria, o piano e a flauta, acompanho com o tic tac do relógio que não dá horas e corro, corro muito, tenho que chegar a tempo porque é tempo de música.
No estúdio há risos e murmúrios, há acordes e tumultos, aos meus olhos é a cidade e a música.
Fujo! Paro na praia. O barulho das ondas, das gaivotas e do vento compõem a melodia do sonho. Acordo. Levanto-me. Corro em passos medidos do dó até ao si e volto em passos dançados ao som das valsas, dos tangos e das salsas do mundo.
O sol adormece e a noite chega com toda a tranquilidade. Mais uma melodia que terminou. Adormeço.

2 comentários:

Fernando José Rodrigues disse...

Com muito compasso... Ideias sequenciadas ao ritmo de uma leve partitura... Continua, minha colega de escrita. Gostei.
Bjs
fjr

João Pais disse...

Um inicio bastante semelhante ao meu. Está interessante de facto, penso que foi rápido demais, mas fora isso está bonito. Parece que apela a um certo estado de loucura!

João Pais